Como em qualquer aldeia, existem vários costumes e tradições que, infelizmente, tendem a cair em desuso. Através das recordações de alguns subportelenses, registam-se as seguintes:

Casa dos Padres 
Perde-se no tempo a origem desta tradição, pelo que constitui um autêntico legado. Todos os anos, na Quinta-feira Santa, era costume oferecer um almoço a 12 homens, tal como aconteceu na Última Ceia de Cristo. 
Da ementa, constava uma posta de bacalhau, uma tigela de sopa, arroz de bacalhau, pão e vinho.
Este costume antigo integrava também uma refeição oferecida a todos os pobres que se apresentassem na aldeia e passassem na referida casa (hoje conhecida por Casas Velhas), composta por uma sardinha, um pedaço de broa e um copo de vinho.
Dados fornecidos pelo Dr. Luís Belo um dos actuais proprietários da casa.

Noites dos Santos Populares
Nas noites dos Santos Populares, as pessoas costumavam juntar-se para “furtar” alguns carros de bois e outras alfaias, que eram depois expostas no adro da Igreja. Segundo a tradição popular, as vítimas eram normalmente os mais convencidos e “gabarolas”.

O Linho 
Muitas são as pessoas mais maduras, de Subportela, que ainda se lembram do trabalho que o linho dava. Tal era a tradição e o gosto que, em quase todas as casas de lavradores se teciam, nos grandes teares de madeira, lençóis, toalhas e camisas de linho. 
Em conversa com as tecedeiras D.ª Lurdes Martinho e D.ª Clara Belo, Maria Armanda António e Maria Natália Pereira, registaram, em 1986, uma descrição pormenorizada do tratamento do linho.
“O linho passa muitos trabalhos, muitos «tormentos», é preciso gente e demora tempo”. Semeia-se em finais de Março, ou já em Abril, embora aquele seja melhor, tal como diz o ditado “Mais vale estopa de Março que linho de Abril”.
Ao fim de sete ou oito semanas, apanha-se à mão e traz-se para a eira, para ser ripado, nos ripos. Este é o nome dado a uma grande peça de madeira com dentes, que se prende à roda de um carro de bois, e por onde se passam as fibras para lhes serem retiradas as sementes - linhaça. Quando expostas ao sol, estas sementes abrem e, depois, são utilizadas para fins terapêuticos.
Posto isto, ata-se em molhos e leva-se para o rio ou lago, para ser alagado, durante seis a oito dias. Esta operação serve para amolecer o linho, para fazer apodrecer a sua “capa” e ficar lavado. Passado esse tempo, retira-se da água e deixa-se a secar naturalmente, de oito a quinze dias.
Depois de seco, é malhado na eira e, de seguida, levado para a fábrica de moagem, para lhe serem extraídos os restos de casca que os ripes e os malhos deixaram passar, e para tornar a fibra mais mole.
De seguida, é colocado em manadas, chamadas estrigas, para ser espadelado. Enquanto actividade colectiva, as espadeladas eram motivo de festa, por isso, acompanhadas de cantigas e danças. Os rapazes, normalmente, esperavam pelo fim das espadeladas, para poderem dançar com as raparigas. Por isso iam sempre arranjados ou, muitas vezes, mascarados. Uma alegria!
O espadelar consiste em bater o linho com um instrumento triangular, a espadela, que tem um dos lados mais afiado. A espadela tem uma abertura no punho, por onde entram os dedos, junto da qual existe uma tira de madeira, semicilíndrica que, fechada na palma da mão, permite o seu melhor manuseamento.
Geralmente, esta operação é repetida, para se extrair bem a parte áspera do linho, com que se faz a estopa grosseira.
O linho passa depois pelo restelo, pelo assedeiro e pelo pente. O pente é uma peça de madeira com cabo e dentes, enquanto o restelo ocupa metade de uma tábua rectangular, horizontal, que se prende a uma mesa por intermédio de um parafuso, e que tem, voltados para cima, vários picos de metal a espaços, mais ou menos, regulares. A outra metade da tábua tem os picos mais juntos, à qual se dá o nome de assedeiro. O linho, restelo passa pelo assedeiro, feito em manelinhos, fibras dispostas longitudinalmente e presas por uma ponta em nó, aos dedos.
A parte que sobra do restelo, à qual se dá o nome de tomentos, é tratada nas cardas, uma espécie de par de escovas de pregos, que se seguram nas mãos, deslocando-se viradas uma para a outra, com os tomentos no meio.
Ao linho saído do assedeiro, juntamente com as suas sobras, dá-se o nome de estopa assedeira.
Os tomentos também podem ser fiados, no entanto produzem um linho mais grosseiro. A fiação é feita com roca e fuso. A roca é um cabo com «torre» de forma cónica ligeiramente côncava, formada por uma sucessão de elementos torneados e de estrias horizontais que se sobrepõem. São geralmente empregues duas cores de madeira, uma na ponta e outra na parte mais larga.
Na torre da roca prende-se a estriga (linho a fiar) com a ajuda de uma correia. Os dedos da fiandeira vão então puxando e torcendo a estriga, convertendo-a em fio que, passando para a outra mão, se enrola no fuso. Este é cónico, de madeira preta, decorado com sulcos brilhantes.
Pronto o fio, fazem-se meadas no sarilho, uma maquineta de madeira, formada por quatro paus em cruz, terminados por extremidades largas e trapezoidais, pombas, que giram sobre um eixo horizontal e perpendicular ao plano deles. Este eixo encontra-se apoiado em dois pegões, assentes sobre uma tábua, que cruza com outra mais longa, na extremidade da qual se fixa o fuso.
O fio é então conduzido, através de uma placa perfurada, para uma das pombas, à qual é preso, fazendo girar o eixo, e assim se vão compondo as meadas.
Não obstante, se o linho se destina a ser tecido nos teares, é necessário passá-lo das meadas para as canelas (ou para os carrilhos, caso se pretenda montar uma urdidura de linho), recorrendo-se à caneleira e à dobadoura. Esta constitui um instrumento simples, formado por um eixo vertical sobre o qual giram duas cruzes paralelas, ligadas entre si por duas ou mais séries de pauzinhos. Na parte inferior, existe, por vezes, uma caixa para se guardar as canelas, os novelos e outros instrumentos. A meada é colocada entre as duas cruzes e vai-se dobando para as canelas, com o auxílio da caneleira.
A caneleira é uma peça composta por uma tábua com dois pegões ligados por uma vara, que atravessa o centro de uma roda de madeira maciça, colocada a menos de meia distância. No lado mais pequeno da vara, existe um cilindro de madeira ou cana grossa (cabo). A parte mais larga é revestida por caniços, um dos quais se pode retirar. Aí, encontra-se a canela, onde se doba o fio.
Uma vez dobada, a canela é presa no interior da lançadeira do tear.
Se se pretende fazer um tecido de linho puro, a urdidura faz-se também com linho, se não, utiliza-se uma urdidura de algodão. Era vulgar, entremear fios de algodão na trama do linho, para se formar riscas ou puxados, o que resultava num jogo de brilho e de textura.

(Trabalho apresentado por Maria Armanda António e Maria Natália Pereira, co-financiado pela Comunidade Económica Europeia, através do Fundo Social Europeu para a Associação Desportiva, Cultural e Social de Subportela)